Quarta-feira, 18 de Novembro de 2015
Fonte: Valor Econômico

Ver matéria original
 
Barbosa busca setor privado para traçar plano
 
A pedido da presidente Dilma Rousseff, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, passou os últimos dois dias em reuniões com representantes do setor privado para avisar: o governo está em busca de medidas que possam estabilizar e depois recuperar o crescimento da economia. Hoje as conversas continuam numa reunião com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com um participante das conversas, o ministro disse que, no momento, não há espaço orçamentário para retomar políticas de desoneração ou subsídios, mas que a presidente tem disposição de encaminhar ao Congresso entre o fim deste ano e início do próximo propostas que possam destravar negócios e melhorar o ambiente regulatório, inclusive aquelas que tenham origem em propostas do setor privado.

A decisão da presidente vem depois de críticas explícitas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o governo precisa ter uma agenda de crescimento e parar de falar apenas e ajuste fiscal. A avaliação da área política do governo é a de que a presidente precisa criar uma agenda positiva para construir um discurso que vá além do impeachment ou de aumentos de impostos.

O pedido da presidente para que os ministros apresentassem medidas de estímulo à economia foi feito numa reunião há mais ou menos um mês da qual participaram, além de Barbosa, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e da Casa Civil, Jaques Wagner. Dilma quer receber propostas para avaliar o que pode ser feito.

A movimentação do governo desagradou o ministro da Fazenda, que vem insistindo na necessidade de melhorar as contas públicas como pré­-requisito para a retomada do crescimento. Já enfraquecido pelo tiroteio do PT à política econômica, Levy vinha se movimentando para criar uma agenda pós-ajuste que incluiu por exemplo novas regras para as parcerias público privadas, a chamada "PPP Mais". Ontem, o ministro mais uma vez trabalhou para tentar fortalecer seu discurso.

Após encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB­AL), Levy falou aos jornalistas ontem sobre reformas estruturais pró crescimento e afirmou que 2016 será também um ano com boas notícias. "É o que a gente tem de ter em mente: estar focando que já começa um novo ano e em 2016 a gente tem de estar preparado para ter um ano de boas notícias", disse o ministro.

Na conversa com Renan, Levy disse ter tratado da aprovação de propostas "dentro da perspectiva de uma reforma estrutural, pró-crescimento, não só de ajuste fiscal", adotando um discurso mais otimista do que tem normalmente.

O governo já havia ensaiado no início do ano uma "agenda positiva". Lançou uma nova rodada do programa de concessões, anunciou a venda de imóveis da União como fonte de receitas, além da reforma administrativa que reduziria ministérios e cargos. Mas a tentativa não decolou.

Segundo o relato feito ao Valor dos encontros feitos pelo ministro do Planejamento, Barbosa não descartou medidas que exijam aumentos de gastos, mas colocou essas propostas como passíveis de análise para que o governo discuta prioridades para momento de folga orçamentária.

Não há intenção no governo em fazer o anúncio de um grande pacote e nem devem ser esperados programas novos como foi o caso do Minha Casa, Minha Vida. "Não se trata de nada grandioso", explica um participante das conversas. A presidente pediu que o setor privado fosse ouvido para que se desenhem medidas que possam ir sendo anunciadas aos poucos como sinalização da disposição do governo de também sair da agenda negativa.

O movimento não foi apenas para fora do governo. Na semana passada, o Planejamento já havia reunido todos os secretários­executivos da Esplanada para pedir sugestões do que podem ser as medidas que auxiliem a recuperação do PIB. Barbosa esteve com representantes da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e representantes de grandes bancos nacionais.

 Índice de notícias    Enviar por e-mail    Imprimir    Página inicial
Copyright © 2001-2024 Abdib. Todos direitos reservados.ClickW