Setores da indústria criticaram
ontem o pacote de medidas de
redução do déficit fiscal anunciado
pelo governo federal.
O presidente da Associação
Brasileira de Máquinas e Equipamentos
(Abimaq), Carlos
Pastoriza, prevê perdas do setor com os
cortes que afetam o
programa Minha Casa Minha
Vida. “Com essa queda da previsão
de gasto do Minha Casa
Minha Vida, por exemplo, haverá
menos demanda por
máquinas”, disse.
Seu prognóstico
é de que o faturamento da indústria de máquinas deve
registrar queda real de 15%
em2015 ante 2014, enquanto o
PIB do País recuará “mais de
2%”. De janeiro a julho deste
ano, o faturamento da indústria de máquinas e
equipamentos
acumula queda de 7% em
relação a igual período do ano
passado, ao somar R$ 50,6 bilhões,
de acordo com dados da
Abimaq. Já o consumo aparente,
ou seja, indicador que mede a produção
interna mais importações
e exclui exportações,
caiu 4,6% nesse período
para R$ 78,1 bilhões.
A Associação Brasileira da Indústria
Química também reagiu
às novas medidas fiscais.
“Infelizmente, mais uma vez
atacamos gravemente a competitividade
da indústria brasileira de modo geral
e, em especial,
da indústria química”, afirmou
Fernando Figueiredo. Para ele,
um dos impactos virá com a redução
pela metade do benefício
concedido à indústria química
brasileira, a partir da incidência
menor de PIS/Cofins.
Para o ano seguinte, o benefício
será zerado, contrariando a
expectativa da mudança do setor para
final de 2018. Além disso,
a alíquota do Reintegra, um
regime que favorece os exportadores,
ficará em 1% em 2017,
número que subirá para 2% em
2018 e 3% em 2019. “Apesar de
toda a alta do dólar, será quase
impossível competir com fabricantes
estrangeiros”, declarou
Figueiredo. O setor químico
acumulou déficit comercial de
US$ 31,2 bilhões em 2014, número
que deveria ficar praticamente
estável neste ano.
A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base
(Abdib) classificou o novo corte
de investimentos e programas
sociais anunciado pelo governo
como “um remédio amargo,
mas necessário”, por conta do
“perigoso desarranjo orçamentário
e fiscal dos últimos anos”.
Já a mudança nas alíquotas do
Reintegra, regime especial de tributação
das exportações, vai
atrapalhar a única válvula de
crescimento neste momento,
que é o setor externo, afirmou
José Augusto de Castro, presidente
da Associação de Comércio
Exterior do Brasil (AEB).
A Federação Brasileira
de Bancos divulgou nota
ontem em defesa dos ajuste
anunciado pelo governo. Para a
entidade, as mudanças “refletem
o compromisso do governo em promover o equilíbrio fiscal”.